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Sinopse

«Hoje, talvez tenhamos vergonha das nossas prisões. No entanto, o século XIX tinha orgulho nas fortalezas que construía nos limites e, por vezes, no centro das cidades. Esses muros, esses ferrolhos, essas células representavam todo um trabalho de ortopedia social.
Quem rouba vai para a prisão; quem viola vai para a prisão; quem mata, a mesma coisa. De onde vem esta estranha prática e o curioso projeto de encarcerar para adestrar, que estão incluídos nos Códigos Penais da época moderna? Uma velha herança das masmorras da Idade Média? Ao invés, uma nova tecnologia: o aperfeiçoamento, do século XVI ao século XIX, de todo um conjunto de processos para policiar, controlar, avaliar, adestrar os indivíduos, torná-los “dóceis e úteis”. Vigilância, exercícios, manobras, notas, níveis e lugares, classificações, exames, registos, toda uma forma de submeter os corpos, de dominar as multiplicidades humanas e de manipular as suas forças se desenvolveu durante os séculos clássicos, nos hospitais, no exército, nas escolas, nos colégios ou nas oficinas: a disciplina.
A prisão deve ser substituída na formação desta sociedade de vigilância.
O sistema penal moderno já não ousa dizer que pune crimes; pretende readaptar delinquentes. Será possível fazer a genealogia da moral moderna a partir de uma história política dos corpos?»

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Autor

Michel Foucault

MICHEL FOUCAULT (1926-1984) é um dos grandes nomes das ciências sociais e humanas das últimas décadas. A sua produção científica cobre diversas áreas, com trabalhos pioneiros em sociologia, história e filosofia. Tendo-se dedicado ao estudo crítico das instituições sociais, mas não só, publicou obras sobre domínios tão diversos como a psiquiatria, a loucura (História da Loucura na Idade Clássica), o sistema prisional (Vigiar e Punir) a sexualidade humana (História da Sexualidade), o poder e as ciências sociais (As Palavras e as Coisas. Uma Arqueologia das Ciências Humanas, por Edições 70, e Arqueologia do Saber, Almedina, 2006). Exerceu ainda funções como professor em várias universidades, em especial no Collège de France – de onde resultaram os seus célebres Cours –, em Clermont-Ferrand, em Tunis, na Universidade de Buffalo e na Universidade da Califórnia.

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