Publicada originalmente em 1948 com imagens de Phyllis Rowland, Ruth Krauss criou uma breve e divertida história com muito poucas palavras e onomatopeias. Em 2005 foi de novo editada com ilustrações de Maurice Sendak, que transformou os seus ursos num conjunto de animais irrequietos, protagonizando uma trepidante comédia juntamente com um menino vestido com um fato de lobo, como o Max de “Onde vivem os monstros”. Como noutras obras de Sendak, tudo começa na hora de ir para a cama, quando, enciumado, um cão rouba ao menino o seu urso de peluche. Na sua fuga, é perseguido por um grupo de enormes ursos, que vão indo ao seu encontro em lugares e situações tão atípicas como surpreendentes, até um final inesperado. A tradução mantém a estrutura rimada do texto original. Entre os anos 1950 e 1960, Ruth Krauss e Maurice Sendak inovaram o género do álbum ilustrado, com propostas então tão tão inovadoras como “A Hole is to Dig” ou “A Very Special House”. Ruth Krauss era uma escritora reconhecida, com livros pequenos, acessíveis e engenhosos. Podia transformar um jogo de palavras numa investigação filosófica de causa-efeito e manter o equilíbrio. Artista do nonsense, as suas obras davam voz ao público infantil sem parecerem enfadonhas. Formaram ambos uma fecunda dupla criativa, elaborando histórias com imagens de linhas ágeis, sustentadas em expressivas aguarelas. Inspiraram-se e amadureceram mutuamente a nível literário e artístico: tal como acontece com a arte revolucionária, os seus livros chegam aos nossos dias em plena frescura.