No que o Porto começou por ser, depois foi e agora é, há muitas histórias e factos, curiosidades, desconcertos, tragédias, resistências, artes, magnificências e glórias para saber, umas escondidas entre camadas antigas e coberturas modernas, outras que permaneceram de fora, elevando-se sobre o esquecimento, o pó, os escombros, o efémero, o novo novo, mas sem as vermos ou sem as sabermos decifrar. Beneficiando do olhar apto a descortinar tudo isso do António Botto Quintans, a que se junta a sua capacidade de se embrenhar em investigações persistentes e a sua intenção de partilhar o que descobriu, interessa-nos muito acompanhá-lo nesse processo de virar e revirar os tempos, os locais e os elementos humanos que formaram o colectivo que a cidade é hoje.

O que o seu olhar tem de original e de complementar a outros que se lhe anteciparam é o que contém este livro, um equilíbrio entre descrição e ilustração cuidadas, com o brinde da revelação de cartas inéditas da Rainha D. Amélia a Wenceslau de Lima, figura do Porto a que o autor dá a importância devida. Aprendamos com ele a admirar mais a cidade.