Narra-se aqui um conjunto de histórias de aventuras e desventuras de jovens nascidos e criados numa aldeia do Alentejo e nos montes em volta. Os meninos vão à escola primária, cuja frequência passou a ser obrigatória, brincam, jogam à bola, brigam e fazem os disparates próprios da sua verdura. Assim se vão socializando, num ambiente sem perspectivas, a não ser o trabalho no campo, mal acabem a instrução elementar ou até antes.

Esses gaiatos desejam poder fazer tudo o que é próprio da sua idade, no tempo certo, alguns inclusive seguir estudos, habilitar-se ou capacitar-se, para um dia conseguirem escolher uma profissão e terem uma vida melhor que a dos seus ascendentes. Estes, sem as luzes da literacia, ficaram para sempre trabalhadores indiferenciados e amarrados pelo estômago a uma avoenga servidão. No entanto, na segunda metade do século vinte, as intercorrências da vida ainda trocam as voltas a esses meninos e lançam-nos também, precocemente, na pastorícia ou na agricultura.

Além de breves apontamentos sociológicos, de natureza empírica, a presente diegese foca, pois, incidências próprias de uma existência aldeã e campestre, ora pastoril e bucólica, ora esforçada e arrastada na lavoura tradicional dos anos cinquenta e sessenta, do século passado. A maioria das histórias parte de casos verídicos e evolui por meio de uma urdidura ficcional. Quase todas as personagens principais são crianças e jovens adolescentes, excepto uma que a narrativa acompanha desde a ruptura com a escola até ao seu fim, em combate no Ultramar.