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Problemas do Primitivismo - A Partir de Portugal

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Sinopse

Os Problemas do Primitivismo a partir de Portugal são abordados nas suas relações com o contexto da ditadura, da colonização, do anticolonialismo e do pós-colonialismo, numa máquina visual impregnada de imagens e referências artísticas e culturais que problematiza a invenção do «primitivo» e a sua persistência até à contemporaneidade.

Impulsionado pela arte, mas também pela antropologia, a etnologia e as ciências médicas (com os estudos antropométricos e sua relação com teorias eugenistas), o «primitivismo» é um termo complexo e difícil de abarcar. Para o que aqui importa, refere-se ao fascínio, ao estudo e à fetichização em torno de culturas que foram consideradas «primitivas». O «mágico», «pulsional » e «pré-lógico», encontrado nos povos colonizados pelo Ocidente, mas também nos populares e crianças ou nas pessoas com transtornos mentais, serviu para situar o «Outro», no quadro das vanguardas artísticas, dos fascismos e da afirmação do Estado-Nação. […] É que diante do fecho das fronteiras, especialmente na Europa, em face da crise climática e do racismo estrutural, fazer a crítica da história e das instituições é, evidentemente, muito pouco. Contudo, podendo ser um grão de areia, é um gesto necessário para sermos capazes de continuar a imaginar sem «fechar o futuro».

[Marta Mestre]

Se «primitivo» teve conotação negativa quando relativo a «incivilizado», foi também a designação usada na história da arte para referir os pintores pré-renascentistas, no sentido de que teriam sido os «primeiros» a iniciar uma renovação na arte. No primitivismo há também esse significado de «primordial», mas com outras nuances. A ideia fundamental subjacente ao primitivismo é a de que uma determinada população, uma determinada geografia, e os objectos que produzem, têm um carácter primevo, originário, possuindo uma ligação mais directa com o mundo sem a mediação da cultura ou da tecnologia. Mas essa ideia, tendo gerado complexidades, que incluem resistências e possibilidade emancipatórias, assenta na profunda desigualdade e desumanização criada pelo sistema imperial e colonial, e também pelo sistema político, com desigualdades entre populações rurais (e a arte popular foi outra fonte primitivista) e urbanas.»

[Mariana Pinto dos Santos]

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