Uma bicicleta e um coração contam histórias. Mapeiam territórios, desvendam humanidades que ora se insinuam, ora se resguardam. Uma bicicleta e um coração, mudam o mundo.

Se o coração é do Cadu Cinelli e se a bicicleta leva o rumo da sua alma, então, teremos Percursos Afetivos. Uma nova ordem emerge do seu olhar arguto, livre, autêntico. Num ápice, desoculta o mais humano das cidades e tudo se retém no seu olhar de treinado contador de histórias, genuíno geógrafo de afectos. Singular, devolve-nos a cidade feita de histórias, histórias-célula que compõe o nosso ADN colectivo.

Sem afecto, não se aprende; nada fica em nós. As experiências esvanecem-se. A bicicleta e o coração traçam no espaço citadino, por via da participação, a expressão artística dessa vivência, traduzida em narrativas que vinculam conhecimentos e proporcionam aprendizagens. Porque a melhor forma de aprender é sentir. Sentimos que adentrar estes territórios habitados por personagens reais, é ter acesso a um Outro imediato e próximo. Além da mundividência poética do Cadu Cinelli, encontramos aqui uma antropologia do olhar. Sentarmo-nos neste selim é não duvidar que um pequeno grupo de velocípedes, com a engrenagem devida- mente ligada ao coração, pode reparar (n) o mundo. - Marta Duque Vaz - Escritora, antropóloga, leitora.