Service Temporarily Unavailable
The server is temporarily unable to service your request due to maintenance downtime or capacity problems. Please try again later.
The server is temporarily unable to service your request due to maintenance downtime or capacity problems. Please try again later.
Porquê este livro? Tenho uma dívida. Em Janeiro de 2000, foi-me oferecido um livro. Mesmo antes de o ler, já o título, Mulher das Cidades Futuras, me remetia directamente para palavras que viviam comigo, com a Teresa Santa Clara Gomes, com o Graal, há várias décadas: “Cantar/é empurrar o tempo ao encontro das cidades futuras/fique embora mais curta a nossa vida” (Carlos de Oliveira). Ao espírito cartesiano que há em mim acudiam formas sistemáticas de dar uma resposta que evitasse a incoerência, a fragmentação, a incompletude. Para além de pedaços do meu pensamento e da minha vida era preciso um englobante conceptual, que se revelasse como pensamento organizado com os seus fundamentos, as suas subdivisões, as suas temáticas, a sua conclusão bem delineada.
Mas como transformar em acessório o que era o cerne do gesto que fora feito? Como fazer de um afecto uma tese? Havia também a solução da sociedade de informação que tanto me fascinava. Ainda que pelo espaço do tempo necessário para escrever duas páginas, não era certo que todas as pessoas que tinham escrito o livro tinham formado um grupo virtual? Então, era teoricamente possível responder a “um grupo”. Mas como transformar uma resposta, que eu desejava directa para com cada um, naquela forma sempre niveladora que dá pelo nome de “responder a todos” no correio electrónico? Quem responde afinal? Pedaços de autobiografia ficcionada? A mulher das cidades futuras percorre esse mundo como um estrado em que tem de afirmar a esperança, porque só assim a confiança no futuro se pode transmitir e permitir que todos os seres humanos vivam seguros. A mulher das cidades futuras cuida, mesmo “no deserto”, que “alguma flor persista” (Ana Luísa Amaral). O agir da mulher das cidades futuras é, ao mesmo tempo, uma esperança e uma responsabilidade. Que melhor lema podemos encontrar para a nossa consciência e a nossa prática de cidadania?
(DO PREFÁCIO)
Ler mais