Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para a Formação de Adultos, como sugestão de leitura.
Sob o tema dos
funerais mitológicos, em 1962, Gabriel García Márquez reuniu num pequeno volume sete
contos e a curta novela que lhe dá o título. Neste livro aparece já, em todo o seu
esplendor, o elemento mágico e telúrico que a partir daí definirá a sua obra. Estamos uma
vez mais em Macondo e na sua região, entre episódios e personagens reconhecíveis, numa
série de contos impossíveis de esquecer. No último texto é preciso enterrar a Mamã Grande,
soberana absoluta deste mundo, que faleceu com a fama de santidade aos 92 anos e a cujos
funerais compareceu não só o Presidente da República, como até o Supremo Pontífice, na sua
gôndola papal, além de camponeses, contrabandistas, cultivadores de arroz, prostitutas,
feiticeiros e bananeiros, que ali se deslocaram propositadamente. Os seus bens, que
datavam da época da conquista, eram incalculáveis. Abarcavam cinco municípios, 352
famílias e também a "riqueza do subsolo, as águas territoriais, as cores da bandeira, a
soberania nacional, os partidos tradicionais, os direitos do homem, as liberdades dos
cidadãos, o primeiro magistrado, a segunda instância, o terceiro debate, as cartas de
recomendação", etc. Demora três horas a enumeração dos bens terrenos da Mamã Grande. Os
seus herdeiros, no momento em que retiram do interior da casa o cadáver da defunta, fecham
as portas e começam vorazmente a repartir a herança.
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Gabriel García Márquez
Escritor colombiano nascido a 6 de Março de 1927 em Aracataca, um pequeno entreposto do comércio de bananas. Desde logo deixado ao cuidado dos seus avós, um coronel na reserva, ex-combatente na guerra civil, e uma apaixonada pelas tradições orais indígenas, estudou na austeridade de um colégio de jesuítas.
Terminando os seus estudos secundários, ingressou no curso de Direito da Universidade de Bogotá, mas não o chegou a concluir. Fascinado pela escrita, transferiu-se para a Universidade de Cartagena, onde recebeu preparação académica em Jornalismo. Publicou o seu primeiro conto, "La Hojarasca", em 1947. No ano seguinte, deu início a uma carreira como jornalista, colaborando com inúmeras publicações sul-americanas. No ano de 1954 foi especialmente enviado para Roma, como correspondente do jornal El Espectador mas, pouco tempo depois, o regime ditatorial colombiano encerrou a redação, o que contribuiu para que Márquez continuasse na Europa, sentindo-se mais seguro longe do seu país.
Em 1955 publicou o seu primeiro livro, uma coletânea de contos que já haviam aparecido em publicações periódicas, e que levou o título do mais famoso, "La Hojarasca". Passando despercebida pelo olhar da crítica, a obra inclui contos que lidam compassivamente com a realidade rural da Colômbia.
Em 1967 publicou a sua obra mais conhecida, o romance "Cien Años De Soledad" ("Cem Anos de Solidão"), romance que se tornou num marco considerável no estilo denominado como realismo mágico. Em "El Otoño Del Patriarca" (1977), Márquez conta a história de um patriarca, cuja notícia da morte origina uma autêntica luta de poder.
Uma outra obra tida entre as melhores do escritor é "Crónica De Una Muerte Anunciada" (1981, "Crónica de uma Morte Anunciada"), romance que descreve o assassinato de um homem em consequência da violação de um código de honra. Depois de "El Amor En Los Tiempos De Cólera" (1985, "Amor em Tempos de Cólera"), o autor publicou "El General En Su Laberinto" (1989), obra que conta a história da derradeira viagem de Simão Bolívar para jusante do Rio Magdalena. Em 2003, as Publicações D. Quixote editam, deste autor, "Viver para Contá-la", um volume de memórias de Gabriel García Márquez onde o autor descreve parte da sua vida.
Gabriel García Márquez foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1982.
Morreu a 17 de abril de 2014, aos 87 anos, em sua casa na Cidade do México, ao lado da mulher Mercedes e dos seus dois filhos.
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