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O Tesouro Escasso - Um Itinerário Emocional - Antologia Inédita

Mário de Sá-Carneiro

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Sinopse

Não há força outra que se assemelhe, que seja comparável, nem a grandeza de Pessoa, à avassaladora torrente de emoções e de imagens, muitas vezes contraditórias, a que somos sujeitos quando lemos os poemas de Mário de Sá-Carneiro.

Encontramos a mesma originalidade marcante, que continua hoje a surpreender-nos, nas suas obras em prosa.

A sua correspondência com Fernando Pessoa, com quem tinha uma relação muito especial, quase simbiótica, transporta-nos entretanto para a intimidade e para as idiossincrasias de um homem perdido no labirinto de si próprio.

É extraordinário que uma obra tão escassa consiga expressar tão bem a genialidade de um autor e tenha sido tão influente na obra de tantos poetas posteriores.

Inclui toda a poesia, publicada em vida e postumamente. Ficou de fora apenas a denominada juvenília (poemas escritos durante a adolescência), por se considerar não ser definidora do poeta maduro e completo que Mário de Sá-Carneiro foi.

Os diversos conteúdos (poesia, prosa e correspondência) estão organizados por temas:

• A Poesia e o Poeta

• Paris

• O Eu... e o Outro / A dispersão

• A Alma e o Corpo

• O Real e o Ideal (o sonho)

• O Amor e a Mulher

• A Ascensão e a Queda

• Vida = Tédio

• Suicídio / Doença / Loucura / Morte

Inclui 20 fotografias e fac-símiles: retratos, postais e cartas, capas de primeiras edições, poemas manuscritos, recortes de imprensa…

Selecção dos conteúdos, organização, revisão, actualização ortográfica, imagens dos separadores e textos introdutórios e de enquadramento: Alexandre Sete

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Autor

Mário de Sá-Carneiro

Poeta e ficcionista, com Fernando Pessoa e Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro constitui um dos principais representantes do Modernismo português. Partindo para Paris, em 1912, para cursar Direito, estudos que abandonaria pouco depois, a figura de Mário de Sá-Carneiro assume uma importância basilar para a compreensão do modo como o Modernismo português se foi formando com caracteres próprios na recepção das correntes de vanguarda europeias, processo de que a correspondência que estabeleceu com Fernando Pessoa dá um testemunho documental precioso e que culminaria com a publicação de Orpheu, em 1915. Os poemas que edita no primeiro número de Orpheu, destinados a Indícios de Oiro, são, a este título, significativos da sua adesão às estéticas paúlica e sensacionista, que na correspondência entre os dois grandes poetas fora gerada, glosando, então, em moldes muito devedores do simbolismo-decandentismo, a abjecção de um eu em conflito com um outro, reverso da sua frustração e insatisfação ("Eu não sou eu nem o outro, / Sou qualquer coisa de intermédio: / Pilar da ponte de tédio / Que vai de mim para o Outro", "7"), ao mesmo tempo que a publicação de "Manucure", no segundo número de Orpheu , revela uma incursão por uma forma poética mais próxima da escrita da vanguarda futurista, no que contém de autonomização do significante. Já antes de Orpheu, a colaboração de Mário de Sá-Carneiro na revista Renascença (1914) - onde Fernando Pessoa publica Impressões de Crepúsculo -, com a publicação de Além (apresentado como uma tradução portuguesa de certo Petrus Ivanovitch Zagoriansky), instituíra a sua experiência poética na charneira entre a herança simbolista e as tentativas paúlicas e interseccionistas. Mário de Sá-Carneiro constitui ainda um paradigma da prosa modernista portuguesa pela publicação das narrativas Céu em Fogo e A Confissão de Lúcio, construídas frequentemente a partir do estranhamento de um narrador insolitamente introduzido em situações onde o erotismo, o onirismo, o fantástico, se associam aos temas obsessivos do desdobramento e autodestruição do eu. O seu suicídio, com 26 anos, parecendo vir selar aquele sentimento de inadaptação à vida, de permanente incompletude, de narcísico auto-aviltamento e, sobretudo, de consciência dolorosa da irremediável cisão do eu, consubstanciada na dramática tensão entre um eu, vil e prosaico, e um outro, seu duplo ideal, que alimentaram tematicamente a obra, nimbou-o para a posteridade de uma aura de poeta maldito, que deixaria um forte ascendente sobre a poesia contemporânea de gerações posteriores à sua. Com efeito, a mensagem poética do autor de Indícios de Oiro ecoa postumamente na literatura presencista da geração de 50 e até surrealista, passando por nomes absolutamente diversos como Sebastião da Gama, Mário de Cesariny ou Alexandre O'Neill, entre muitos outros.

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