Nótula prévia

Estiraram-se por numerosos anos a redacção e impressão do volume presente, embora já há muito esboçado e anunciado. Estorvos inopinados, desânimos, outros afãs mais prementes, forçaram-nos repetidamente a largar de mão e a interromper, por vezes até por longos períodos, porventura com detrimento para a unidade da obra, empresa há tanto tempo iniciada, e que fica, ainda, longe da conclusão. Na verdade a vastidão do assunto levou-nos a alterar o plano previamente estabelecido, e a reservar para outro volume, embora menos copioso, o estudo das relações com o Santo Ofício de alguns dos mestres do Colégio das Artes, que, tal como os três colegas bordaleses, caíram na alçada da temerosa justiça da fé. E como remate esperamos ainda — Deo juvante — consagrar um volume final à análise das correntes espirituais nos ambientes escolares, em que se formaram e ensinaram os professores do Colégio Real conimbricense, e do pensamento religioso desses Humanistas, dramatis personae de história a cuja averiguação nos devotámos desde a mocidade distante.
Quaisquer que sejam as deficiências do volume a sair do prelo, o autor, embora muitas lhe reconheça e as deplore, não pode calar o que para ele significam as longuíssimas páginas aqui reunidas, já que meditá-las e escrevê-las constituiu por vezes, em horas de desalentos e amarguras, amparo, lenitivo e esperança.

Julho de 1969.

MÁRIO MENDES DOS REMÉDIOS DE SOUSA BRANDÃO