Imaginação parte das letras da língua portuguesa, convencionalmente ordenadas, isto é, do alfabeto. Cada uma dessas letras dá origem a uma palavra, depois descrita e justificada através de uma argumentação que lhe confere pertinência e utilidade e que é, também, pretexto para a ironia. 

A palavra escrita, isolada, funciona como mote, com a sua letra inicial destacada e criativamente desenhada e colorida, numa caligrafia própria que se mantém de A a Z. Ao seu lado, um papel recortado e manuscrito, alternadamente marcado com um círculo verde ou vermelho, vai dando corpo a uma espécie de glossário pessoal. 

É no sistema de escrita criado através desse alfabeto, que o artista Pedro Monteiro dialoga connosco, dizendo em jeito de brincadeira “coisas sérias” que, apesar de datadas de um já distante 1973, permanecem válidas.

SOBRE O AUTOR

Pedro Monteiro (1954-2007) desenvolveu trabalho na área das Artes Plásticas desde 1973, terminando a sua formação na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (Design de Comunicação) em 1979. Foi professor de educação visual do ensino básico e secundário em várias escolas.

O seu percurso artístico e pessoal fundem-se, situação que se reflecte nas suas obras e na relação com os artistas plásticos António Castilho e António Folgado, companheiros de vida e trabalho. Na vivência do atelier de Linda-a-Velha, também casa em muitas ocasiões, fortificaram projectos materializados em exposições, instalações e espectáculos. O atelier funcionou igualmente como um espaço de encontro alargado a outros artistas e escritores como José-Alberto Marques, José Mouga, Manuel da Costa Leite, mas também Ana Macara e Paulo Brandão. Desse convívio nasceram várias iniciativas.

Pedro Monteiro trabalhou a disciplina do desenho de forma predominante, tendo participado em diversas exposições organizadas pela Sociedade Nacional de Belas-Artes, pela Cooperativa Árvore, e nas bienais de Vila Nova de Cerveira na década de 80.