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Detalhes do Produto
- Editora: Almedina
- Coleção: Fora de Coleção
- Categorias:
- Ano: 2005
- ISBN: 9789729038785
- Número de páginas: 277
- Capa: Brochada
Sinopse
Nota Prévia
Destina-se esta nota a justificar a oportunidade do volume de homenagem a Cristóvão de Aguiar e a informar os leitores dos critérios adoptados na sua organização.
A justificação é simples, sobretudo para quem conhece já a obra e a personalidade do Autor, humanista-andarilho de um mundo individualizado cujo "era uma vez" começa em 8 de Setembro de 1940, no Pico da Pedra, São Miguel, Açores.
A oportunidade da homenagem também é compreensível, visto que o reconhecimento de uma carreira literária deve ser preferencialmente feito em vida do Autor, não deixando para qualquer livro in memoriam a gratidão que a sua obra merece. Aos que se associaram a esta prova de admiração deixamos o nosso agradecimento.
Os critérios utilizados na organização deste livro foram, também eles, simples. Depois de feita a recolha dos múltiplos artigos até hoje publicados em jornais ou em revistas literárias, e daqueles que se encontravam no fundo de algumas gavetas, considerámos que a obediência a uma linha cronológica escriturai compunha o relato verdadeiro do Autor de que este livro pretende ser a moldura. Procurámos, ainda, respeitar, dentro de determinados limites, as opções formais dos autores.
O efeito que se obtém pela manutenção desse fio condutor do tempo de escrita, assim como pela inclusão de alguns pareceres desfavoráveis (o que pode causar estranheza num volume de homenagem) é, sem dúvida, o delinear da evolução de um percurso literário iniciado, há 40 anos, com Mãos Vazias que se foram (pre)enchendo de mar, de ilha, de gentes, em suma, de Marilha (título, não por acaso, do seu mais recente romance).
Aduza-se ao exposto (em mais um pormenor que pode parecer estranho numa publicação deste jaez) que optámos por incluir nas páginas finais, como post scnptum, uma breve nota autobiográfica que sonegámos ao Autor. E, se é certo que ninguém se conhece a si próprio, e que, no caso de um escritor, é a sua obra que, de forma visceral, nos dá a sua representação, a verdade é que este auto-retrato nos fornece, como uma tela, os matizes de uma carreira. Nesta autobiografia em esboço, como em tudo o resto, não podemos deixar de concluir, como já dissemos em outra ocasião, que, para Cristóvão de Aguiar, a escrita é uma catarse onde se misturam tempos e vivências, espaços e recordações, pessoas e amores perdidos ou encontrados, mundos experimentados ou imaginados. A escrita é, em derradeira instância, o espaço onde Cristóvão de Aguiar de perde, se acha e se reconhece como, e enquanto, pessoa-escritor.
Afinal, como sublinha em Nova relação de Bordo, 2Escrever é abrir o fleimão com a lanceta bem afiada. Fica-se mais leve e apto a fazer peito à próxima onda.
Faculdade de Letras
Universidade de Coimbra