[...] Maria José Ferreira, artista plástica, recordo-me do seu entusiasmo em mostrar os seus trabalhos sobre a mulher.

Reencontrei-a em tertúlias do Ciclo artístico Artur Bual e conheci-a como poeta da vida sonhada e/ou vivida, destacando-se a representação da mulher nas suas múltiplas vertentes.

Esta obra apresenta um balanço do tempo vivido e no agora, a busca da tranquilidade e da paz, após as suas diversas batalhas como mulher no contexto de uma sociedade que continua a lançar-lhe muitos desafios. Trata-se de uma escrita que causa alguma surpresa pela parca utilização de recursos estilísticos, podendo ser consequência do sobressalto poético, uma escolha, ou consequência da formação académica da autora. Por um lado, remete-nos para a poesia nórdica, em parte pelo estilo, mas também pelas temáticas como, por exemplo, o ritmo melancólico, o intimismo, a franqueza inesperada, a ironia, a dor de viver. Por outro lado, independentemente da transgressão em relação ao status quo da poesia portuguesa e do corajoso tratamento temático, esta forma de expor as paixões dos séculos XX e XXI, remete-nos aqui para um eu poético que se expõe, pintando, sob pulsões rápidas, outras mais lentas, numa mistura de estilos, impressionismo, expressionismo, modernismo, as inquietações da alma, a luta pela liberdade. [...] - Nota crítica Rosário Pedroso