«Bashô conta uma pequena história destas suas muitas viagens. Ele vai partir para a cidade de Maruoka e o seu grande amigo, Hokushi, que é da localidade de Kanazawa, pensa em acompanhá-lo apenas por uma curta distância — “mas acabou por fazer todo o caminho até Maruoka, incapaz de se despedir”. Temos, então, um amigo que se despede infinitamente do outro, percorrendo todo o caminho da viagem que não é a sua.
E imagino depois a continuação desta história. Agora seria o amigo de Bashô, Hokushi, a ter de partir para a sua casa, e Bashô iria com ele, uns poucos de metros, apenas para se despedir, mas não o consegue largar e com ele vai de novo até à localidade de Kanazawa. Imaginemos uma despedida desta maneira, ininterrupta, entre dois humanos. Dois humanos que poderiam passar uma vida inteira a despedir-se um do outro assim, com esta cerimónia e delicadeza.»
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Gonçalo M. Tavares
Gonçalo M. Tavares é autor de uma vasta obra que está a ser traduzida em mais de sessenta países. A sua linguagem em ruptura com as tradições líricas portuguesas e a subversão dos géneros literários fazem dele um dos mais inovadores escritores europeus da actualidade.
Recentemente, Le Quartier (O Bairro), de Gonçalo M. Tavares, recebeu o prestigioso Prix Laure-Bataillon 2021, atribuído ao melhor livro traduzido em França, sucedendo assim à Nobel da Literatura Olga Tokarczuk, que recebeu este prémio em 2019, e ao escritor catalão Miquel de Palol.
Ao longo das suas várias edições, já receberam o Prix Laure-Bataillon autores como Giorgio Manganelli, Bohumil Hrabal, W. G. Sebald, Derek Walcott, John Updike, Hugo Claus e Hans Magnus Enzensberger, entre outros.
Ainda em 2021, O Osso do Meio foi também distinguido no Oceanos, o mais revelante prémio de língua portuguesa.
De entre a sua vasta bibliografia, vinte e duas das suas obras já foram distinguidas, em diversos países.
Foi seis vezes finalista do prémio Oceanos, tendo sido premiado três vezes. Foi ainda duas vezes finalista do PrixMédicis e duas vezes finalista do Prix Femina, entre outras distinções de relevo como o Prix du Meilleur Livre Étranger em 2010.
Saramago vaticinou-lhe o Prémio Nobel. Vasco Graça Moura escreveu que Uma Viagem à Índia dará ainda que falar dentro de cem anos. A The New Yorker armou que, tal como em Kafka e Beckett, Gonçalo M. Tavares mostrava que a “lógica pode servir eficazmente tanto a loucura como a razão”.
“Há um antes e um depois de Gonçalo M. Tavares.” [José Saramago]
“Escritor genial.” [Enrique Vila-Matas]
“Perfeição que se basta a si mesma.” [Agustín Fernández Mallo]
Porque é que havemos de pôr as coisas em termos de Nobel?! Talvez fosse preferível pensar-se: ‘Poderão ser grandes escritores ou não?’ […] O mais cotado parece-me, sem dúvida, o Gonçalo M. Tavares. Sem dúvida.” [António Lobo Antunes]
“Tal como a Saramago, dá-me vontade de lhe dar uma palmada amigável na nuca.” [Mathias Énard]
“Um grande escritor, um génio.” [Mário de Carvalho]
“O Reino é a meditação mais incisiva que li em muito tempo sobre o nascimento do fascismo.” [Juan Gabriel Vásquez]
“De onde vem esta alminha negra e libertária sem acinte? Este talento tão só consigo mesmo, por mais referências que jogue? Esta frieza a quente.” [Maria Velho da Costa]
“É uma figura de enorme ousadia literária.” [Hélia Correia]
“Estou apaixonada pelo escritor português Gonçalo M. Tavares: um escritor magnífico.” [Jeanne Moreau]
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