Joseph Fiévée

Nascido em Paris em 1767 e falecido em 1839 na mesma cidade, Joseph Fiévée foi jornalista, impressor, escritor, alto funcionário, mas também espião de Napoleão Bonaparte, que apreciava a sua independência de espírito.

Anticlerical penitente, amigo de Chateaubriand e de Merimée, detestado por Stendhal, evocado por Sainte-Beuve, Fiévée foi um escritor clássico, dos mais representativos da vaga romântica.

Filho de um restaurador parisiense, tornou-se impressor durante a Revolução, editando "La Chronique de Paris", da qual se tornou jornalista. 

Preso durante o período do Terror, perseguido por pertencer a uma rede realista, redigiu na clandestinidade o seu romance "La Dot de Suzette" ("O Dote de Suzette", ou "Sucessos de Madame de Senneterre"), grande êxito literário de 1798, que é preciso situar na sua época, designadamente quanto à mistura de classes resultante da Revolução. 

Cronista em "La Gazette de France" entre 1800 e 1803, foi encarcerado no Templo por Fouché e libertado por ordem de Bonaparte, do qual se torna agente secreto em Londres. 

Foi um dos pensadores do partido dos Ultras, mas evoluiu pouco a pouco, depois de 1818, até ao liberalismo e à defesa da liberdade de imprensa. 

Em 1790 fez um casamento de conveniência com uma mulher que morreu no parto. A partir daí e em plena ordem moral napoleónica, viveu abertamente a sua homossexualidade com o dramaturgo Théodore Leclerc, que o acompanhava sempre e que cuidava do seu filho. Quando Fiévée se torna prefeito de Nièvre, os dois homens recebem juntos os munícipes nos salões da Câmara, e Napoleão recebe-os oficialmente nos salões da Restauração. Estão ambos enterrados na mesma campa no cemitério Père-Lachaise, em Paris.