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Sinopse
Os quatro artistas cujo trabalho aqui é mostrado são pintores, pois é a pintura que, antes de tudo o resto, os abandonou
e eles abandonam. Chamados a transformar esse abandono emprodutiva separaçãocondição de ascese e exercício
perseguem o ser-em-fuga, cientes de que nada sobra, intacto ou «puro», para agarrar. Daí os heterogéneos compósitos,
registando o que, simultaneamente afastado e vizinho, retido e descartado, se redistribui segundo a nova
proximidade do arcaísmo, que «em nenhum outro ponto pulsa com mais força do que no presente».
Chamaremos desenho (que outro nome dar-lhe?) ao mecanismo responsável por este registo: uma mão «ideal» funda
o espaço lógico onde a oposição entre afirmação e negação se desactiva e propicia o «encontro secreto (
) entre o arcaico
e o presente». Mão inexistente, visto que o seu toque é o «ideal do tocar», onde «o que toca não está separado do que é
tocado senão por uma inexistência (
)».
Não podendo ser feita, a impossível pintura não pode senão ser tocada (JoãoMiguéis), ela própria tocando e sendo
tocada pela escultura (Manuel Caldeira), ou ambas pela Cerâmica (Marcelo Costa), ou antes e ainda pela Ilustração (Jorge
Nesbitt). Imitando a vida que imita a arte que imita a pintura, o desenho revolve o chão do mesmo, ligando os tempos
que nele se ocultam, que nele se exaltam. De olhos
postos na sombra, no assombro, na assombração.
Manuel Castro Caldas
Este livro foi publicado por ocasião da exposição Antes que
me lembre, de 22 de fevereiro a 14 de abril de 2012, realizada
na Fundação Carmona e Costa, Edifício Soeiro Pereira
Gomes, Lote 1, 6.º dir., em Lisboa.