Portugal e os Portugueses sempre tiveram uma missão oceânica, é nos mares que está a sua principal visão, e é nos seus azuis das suas tonalidades infinitas que o país se cumpre e exalta. Foi assim na épica dos Descobrimentos com que o pequeno Reino de Portugal de algum modo interpretou a primeira globalização do planeta. Depois na incrível saga dos minúsculos dóris na pesca dantesca do bacalhau nas águas gélidas da Terra Nova e da Groenlândia. E será por certo também assim num futuro próximo, posicionando-se como um player mundial em relação à Plataforma Continental, à Economia Azul, e a todo o conhecimento e pesquisa que envolvem e exigem.

Mas a nossa singularidade no contexto dos povos e das nações, que tem uma métrica na chegada ao Brasil, a África, à Índia e ao Extremo Oriente, mede-se também nas formas cúmplices e quase íntimas com que neste recanto ibérico, na Madeira e nos Açores soubemos e sabemos dialogar com o mar. São muitas e diversas as formas particulares desta relação feita de heroísmos quotidianos e de engenhos, uns mais imaginosos, outros mais improváveis, outros impossíveis. E é isso que se pode sentir desde a foz do Rio Minho à do Guadiana, e complementado-o com as nossas ilhas atlânticas. São as fainas do bacalhau, mas também do atum, da baleia e da sardinha, as finisterras, como Sines o Cabo da Roca e a tão simbólica terra de Sagres, e outros locais que tanta identidade dão a Portugal. Este livro de crónicas, reportagens, reflexões e emoções é sobretudo um tributo que é devido a todas essas e outras realidades.