Sou ilustradora. Nasci em Madrid, numa casa sem jardim mas com livros. Lembro-me, em pequena, de passar páginas de um volume pesado da enciclopédia Larousse, à procura das lâminas às cores: bandeiras de países, borboletas, mapas… Também me lembro de desenhar com canetas de feltro, em folhas brancas, um inventário do meu mundo daquele tempo: uma castanha, um sapato, um dente. Se me perguntarem, digo que essa foi a semente. Há sempre uma semente, pacientemente à espera de uma oportunidade feita de carícias do sol e da generosidade da chuva.