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Detalhes do Produto

Sinopse

A sensibilidade peculiar de Dostoiévski, o seu sentido do que há de trágico na vida dos seres comuns assim como das suas fraquezas, que lhe suscitam compaixão, fazem dele o retratista incomparável da época em que se inaugurava, sob o signo do progresso industrial, cultural e social, a modernidade de que ele é já um intérprete de pleno direito. A «actualidade» dessa época de transição, ao mesmo tempo cheia de promessas e de sinais de uma decadência gerada pelo apego às velhas mordomias do império, suscitou em Dostoiévski uma paixão que se traduziu na inesgotabilidade dos seus temas, centrados sempre na profundidade contraditória e caótica da subjectividade humana. Escrito ao mesmo tempo que os Cadernos da Casa Morta, o romance, A Aldeia de Stepantchikovo e os Seus Habitantes (1859) é considerado uma das obras-primas do cómico dostoievskiano. É notável pelo trabalho dos diálogos, que fazem deste romance uma obra particularmente adaptável ao teatro. A narração, ambientada numa propriedade rural do interior da Rússia, é ferozmente corrosiva em relação aos pequenos dramas em que se comprazem as personagens, sobretudo Fomá Opísskin, um homem medíocre e frustrado que alimenta sonhos de grandeza e se comporta como um verdadeiro tirano em relação ao seu benfeitor com quem mantém uma relação parasitária. A presente edição deste volume é, como habitualmente nesta colecção, uma tradução directa do russo, da autoria de Nina Guerra e Filipe Guerra, vencedores do Grande Prémio de tradução literária APT/Pen Clube Português.

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Autor

Fiódor Dostoiévski

Fiódor Dostoiévski ( Moscovo, 30.10.1821 - S. Petersburgo, 28.01.1881) foi um dos grandes percursores, como Emily Brontë, da mais moderna forma do romance, exemplificada em Marcel Proust, James Joyce, Virgina Woolf entre outros. Filho de um médico militar, aos 15 anos é enviado para a Escola Militar de Engenharia. de S. Petersburgo. Aí lhe desperta a vocação literária, ao entrar em contacto com outros escritores russos e com a obra de Byron, Vítor Hugo e Shakespeare. Terminado o curso de engenharia, dedica-se a fazer traduções para ganhar a vida e estreia-se em 1846 com o seu primeiro romance, Gente Pobre. Após mais umas tentavivas literárias, foi condenado à morte em 1849, por implicação numa suspeita conjura revolucionária. No entanto, a pena foi-lhe comutada para trabalhos forçados na Sibéria. Durante os seus anos de degredo teve uma vida interior de caráter místico, por ter sido forçado a conviver com a dura realidade russa, o que também o levou a familiarizar-se com as profundezas insuspeitas da alma do povo russo. Amnistiado em 1855, reassumiu a atividade literária e em 1866, com Crime e Castigo, marca a ruptura com os liberais e radicais a que tinha sido conotado. As obras de Dostoiévski atingem um relevo máximo pela análise psicológica, sobretudo das condições mórbidas, e pela completa identificação imaginativa do autor com as degradadas personagens a que deu vida, não tendo, por esse prisma, rival na literatura mundial. A exatidão e valor científico dos seus retratos é atestada pelos grandes criminalistas russos. Neste grande novelista, o desejo de sofrer traz como consequência a busca e a aceitação do castigo e a conceção da pena como redentora por meio da dor.

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