Neste livro reflete-se, um pouco, sobre os ambientes sociais e políticos, em Portugal e no Marco de Canaveses, na época do nascimento dos bombeiros marcoenses, poucos anos depois da Primeira Guerra. Com suporte em documentação original, aborda-se o processo da criação administrativa; o registo de "sócios activos" da Associação Humanitária, assumido como identificador dos primeiros bombeiros voluntários no Marco; reconhecem-se as condições e as normas de comportamento e de disciplina que eram exigidas aos que quisessem ser, de facto, bombeiros. Disso temos conhecimento através de ordens de serviço do comandante e do registo de assiduidade. Através de documentos manuscritos na segunda década do século XX, conhecem-se os inventários do material que existia nos primeiros anos dos Bombeiros do Marco, os orçamentos e as contas de gerência. Reconhecem-se as questões inerentes ao novo quartel e, principalmente, o desejo da sua construção. Salienta-se, também, o empenhamento de alguns cidadãos da sociedade da época. Inicialmente, pensei que este livro tivesse como título «(Re)Conhecer» o nascimento e a infância dos Bombeiros do Marco de Canaveses. Título longo, explicativo. Mas, porque não há infância sem nascimento, senti-o redundante e decidi reduzi-lo a «(Re)Conhecer a Infância dos Bombeiros, Marco de Canaveses». Em ambos, senti a importância do significado de "conhecer", sinónimo de "ter informação", mas também de "reconhecer", sinónimo de "distinguir", "caracterizar". Julgo que este tipo de trabalho deve procurar mostrar e descrever a documentação, sem expressar juízos de valor sobre comportamentos. Ao leitor, deve ser deixada a responsabilidade da análise crítica e, também, a liberdade de interpretação. Neste livro comemoram-se memórias que são história, mostram-se tarefas onde muitos estiveram ao mesmo tempo, construindo ilusões, construindo o futuro, gastando a vida, marcando o lugar. Neste livro, perante a documentação observada, procuro valorizar a memória num mundo sempre em processo de mudança.