Agora, com uma boa provisão de livros a bordo, comecei a ler dia e noite, só deixando esta agradável ocupação para ajustar as velas ou a escota, ou para me deitar e descansar, enquanto o Spray devorava as milhas. Tentei comparar a minha situação com a dos velhos circum-navegadores, que faziam exactamente a rota que eu segui das ilhas de Cabo Verde ou de mais longe até este ponto ou para lá dele, mas não havia comparação até onde eu chegara.
Marinheiro, construtor de barcos, autodidacta e correspondente de imprensa, Joshua Slocum terá sido o primeiro navegador solitário a circum-navegar o planeta. Numa longa viagem de três anos, entre 1895 e 1898, o comandante Slocum, já com uma considerável carreira na marinha mercante, percorreu os sete mares e deixou da sua viagem um relato classificado como obra-prima inigualável e narrativa clássica.
Americano de adopção, ele que nascera no Canadá (à imagem de um Conrad polaco naturalizado inglês), nem por isso deixou de prolongar a prosa naturalista e espontânea de um Thoreau ou de um Mark Twain. Assim, se Júlio Verne foi um autor que imaginava e Jack London um escritor que viajava, Slocum passará sem dúvida à História como um viajante-escritor, o último dos aventureiros clássicos. Navegador Solitário, uma das maiores aventuras de todos os tempos, é agora publicada na colecção «Aventura & Viagens» para comemorar os cem anos da sua primeira edição em livro.
O relato completo da primeira viagem à volta do mundo de um homem sozinho com o seu barco.