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Hiper-Real[ismo] Milenar - O Cinema Ciborgue à Beira do Ano 2000

Francisco Ricardo Silveira

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Sinopse

Entre 1998 e 1999, cinco filmes de ficção científica oriundos da América do Norte – Dark City, The Truman Show, eXistenZ, The Matrix e The Thirteenth Floor – denotaram uma unidade estético-temática que reclama uma conceptualização e uma análise à luz retrospectiva dos olhos de hoje. Através da formulação “hiper-real(ismo) milenar” para efectivar essa constelação artística, numa oscilação entre teoria e análise, procura-se aqui explorar os imensos pontos de contacto que convertem as cinco obras num quinteto. “Hiper-real(ismo)”, desde logo porque, tal como na corrente artística homónima pinturas e esculturas de alta resolução (muitas vezes mediante computadores e subjacente digitalidade) parecem ter referente real (conforme uma fotografia analógica), estes filmes jogam com simulações da realidade dentro da narrativa. “Milenar”, porquanto a passagem de 1999 para 2000 situa as fitas numa época de paranóia, profecias apocalípticas (da informática à religião e à ecologia) associadas à mudança de milénio.

No hiper-real(ismo) milenar, arauto de um “cinema ciborgue”, a nostalgia do rolo de celulóide e a emergência do digital coexistem numa imagem compósita, quer na produção, quer explícita ou implicitamente na narrativa. Por conseguinte, as cinco obras em consideração alicerçam-se em dimensões nunca menos que duplas, regressam a passados cinematográficos nervosos como o expressionismo alemão dos anos 20 de Weimar e o film noir americano dos anos 40/50 persecutórios do comunismo. Fazem-no num limbo futurofóbico, entre o escapismo que condena tudo a uma profecia auto-realizável e a resistência que penetra no medo pelo qual recusa ser determinada. É essa (in)consciência histórica, passando pelas noções de hiper-realidade de Jean Baudrillard e Umberto Eco e pelo surgimento do processador de texto, que importa também desenvolver. Sob vários ângulos e temas, um conjunto de falsas disjunções (... ou antonímias sinonímicas?) serve de instrumento para orbitar à volta dos cinco filmes.

Gorado o projecto expansionista ou interestelar de um dia vivermos felizes para sempre na Disneyland, a ficção científica simulatória dos anos 90 introduz uma roda passado -presente-futuro e quebra a homogeneidade do espaço-tempo em “dissonâncias cognitivas”. Daí que a utopia remonte às ensolaradas e pueris memórias perdidas da Shell Beach de Dark City, daí que a mãe-natureza se conceba na viscerosa biomecânica dos game-pods de eXistenZ. Nesse nexo baudrilliano, a mediocridade dos dias “reais”, a banalidade de um “ontem” sem alta tecnologia ubíqua são feitas paraíso trágico que já não há como resgatar.


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Autor

Francisco Ricardo Silveira

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