Mário Domingues

Mário Domingues nasceu na Ilha do Príncipe, em 1899. Filho de mãe negra, contratada, à força, numa roça, e de pai branco, oriundo de famílias liberais, é a avó paterna que o virá a criar, em Lisboa, para onde foi levado ainda bebé.

Mário Domingues aproximou-se do ideário anarquista em 1919, com a adesão ao Núcleo da Juventude Sindicalista de Lisboa; nesse mesmo ano, iniciou também colaboração no diário anarco-sindicalista A Batalha, onde começou por publicar contos, mas rapidamente se tornou jornalista profissional do jornal. É o início do que viria a ser um intenso e marcante percurso jornalístico, com colaboração dispersa por várias publicações, como A Comuna, do Porto, a Renovação, A Voz d’África…

A par da actividade jornalística, onde denunciou a exploração dos trabalhadores, a dominação colonial, o racismo, e defendeu abertamente a independência das colónias em África, dando conta também da crescente resistência que se ia formando contra o colonialismo europeu, Mário Domingues manteve uma intensa colaboração com grupos libertários, ao lado de nomes como Cristiano Lima e David de Carvalho, participou na organização do congresso anarquista da União Anarquista Portuguesa, e na fundação do Sindicato dos Profissionais da Imprensa.

Com o Golpe de Estado de 1926, Mário Domingues passou a focar a sua actividade profissional na escrita ficcional, assinando dezenas de obras em nome próprio, ou recorrendo a variados pseudónimos, muitos estrangeiros, para contornar o lápis azul da censura de Salazar. Romances, como Entre Vinhedos e Pomares, de 1926, O Preto de Charleston, de 1930, ou O Menino entre Gigantes, de 1960, contos, histórias policiais ou de aventuras, e uma diversas biografias da História de Portugal ajudam a compor uma extensa lista de publicações, a que acrescem inúmeras traduções que assinou com diferentes nomes.

Mário Domingues morreu em 1977, com setenta e sete anos, na Costa da Caparica. 


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