Lalla Romano

Lalla Romano nasceu em 1906, na pequena Demonte, uma das comunidades occitanas do Piemonte, uma região onde convivem as línguas italiana, piemontesa e o provençal, com toda a forte tradição lírica destas línguas. A família da poeta e romancista é de uma antiga linhagem piemontesa, da qual também saíra o matemático e ideolinguista Giuseppe Peano (1858 – 1932). Lalla Romano ingressou durante a década de 20 na Universidade de Turim, onde conviveria com os também jovens e futuros poetas Cesare Pavese (1908 – 1950) e Franco Antonicelli (1902 – 1974), além do futuro historiador Arnaldo Momigliano (1908 – 1987). Graduou-se em 1928, com um trabalho sobre os poetas do dolce stil novo. Incentivada por Eugenio Montale, reúne seus primeiros poemas na coletânea Fiore (1941). Sua obra poética é pequena e concisa, contando com apenas dois outros títulos: L'autunno (1955) e Giovane è il tempo (1974), do qual foram retirados os poemas publicados nesta postagem, com tradução do poeta brasileiro Geraldo Holanda Cavalcanti (Recife, 1929).

Lalla Romano é mais conhecida na Itália como romancista, ganhando notoriedade com os livros Le parole tra noi leggere (1969) --- pelo qual recebeu o "Premio Strega" daquele ano, e L'ospite (1973), além de Tetto murato (1957), L'uomo che parlava solo (1961), La penombra che abbiamo attraversato (1964), Nei mari estremi (1987), entre outros.

Sua pequena obra poética tem, no entanto, uma contundência lírica em que a linguagem conjuga delicadeza e tesura, e nos permite entrever um veio subterrâneo de lirismo conciso e potente, que a liga a modernistas contemporâneas espalhadas pelo globo, como a alemã Nelly Sachs (1891 - 1970), a brasileira Henriqueta Lisboa (1901 - 1985), a norte-americana Lorine Niedecker (1903 - 1970) e a israelense Lea Goldberg (1911 - 1970), assim como, entre os poetas do pós-guerra, a autores tão diversos quanto a alemã Inge Müller (1925 - 1966), a brasileira Hilda Hilst (1930 - 2004), a argentina Alejandra Pizarnik (1936 - 1972), ou, finalmente, a francesa Josée Lapeyrère (1944 - 2007), entre tantas outras e outros.

Lalla Romano morreu em Milão, em 2001, aos 95 anos. Em 1993, haviam sido publicadas suas Opere complete, romanzi e racconti.