Harry Crews

Harry Crews pelo próprio. Nasci a 7 de Junho de 1935, no final de uma estrada de terra no Condado de Bacon, na Geórgia. Uma estrada muito longa. O meu pai morreu quando eu era bebé e a minha mãe, com uma coragem simples, nascida e mantida por desespero e pela falta de alternativas, criou-me e ao meu irmão. Ao regressar da guerra [da Coreia], entrei na Universidade da Flórida, não por achar que alguém lá me poderia ensinar a escrever ficção (o que eu queria fazer desde miúdo), mas por achar que alguém lá me poderia ensinar a ganhar a vida enquanto eu me ensinava a escrever ficção. Mas ao fim de dois anos, sufocando e engasgando-me em Verdade e Beleza, troquei a Universidade por uma mota Triumph. Parti rumo ao Oeste numa manhã de Primavera com sete dólares e cinquenta centavos no bolso e, durante o ano seguinte, fui preso em Glenrock, no Wyoming, espancado numa luta justa por um índio Blackfoot perneta numa reserva em Montana, lavei pratos em Reno, no Nevada, colhi tomates nos arredores de São Francisco, apanhei um susto de morte numa associação cristã em Colorado Springs, no Colorado, de um homem que achava que era Jesus, e fiz amizade em Chihuahua, no México, com um piloto de aviões mexicano que tinha um fetiche por alforges de mota. Voltei para a Universidade da Flórida, puro e santo, pronto para absorver o que restava da Verdade e da Beleza. Felizmente, em vez disso conheci Andrew Lytle. A maior parte do que aprendi na Universidade, foi-me ensinado por Andrew Lytle e por um homem chamado Smith Kirkpatrick. E aqui estamos. Actualmente ensino Inglês para caloiros no Colégio de Broward County, em Fort Lauderdale, na Flórida. Sou casado com uma rapariga muito bonita que não sabe dactilografar. Tivemos dois filhos. O mais velho, Patrick Scott, afogou-se em 1964. O outro rapaz, Byron Jason, tem quatro anos. Publiquei contos em The Sewanee Review e The Georgia Review. [O Cantor de Gospel foi o primeiro romance de Crews, publicado em 1968, e o primeiro livro dele a ser editado em Portugal, em 2019, pela Maldoror. À data da sua morte, 28 de Março de 2012, Crews tinha uma lista de catorze romances publicados, diversos contos, artigos para revistas, argumentos para filmes e peças de teatro. Um Festim de Serpentes foi o seu oitavo livro, publicado em 1976. Publicou ainda, em 1978, a espantosa biografia, A Childhood. The Biography of a Place.]


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