Barry Hines

Barry Hines nasceu a 30 de Junho de 1939, na cidade mineira de Hoyland, em South Yorkshire, no Reino Unido.

Filho e neto de mineiros, Hines chegou a aprender o ofício, quando resolveu interromper os estudos no ensino secundário. Valeu-lhe o ralhete de um vizinho mineiro, que, ao vê-lo trabalhar ali, lhe sugeriu que antes «usasse a cabeça». E assim fez; retomou os estudos, e seguiu para a faculdade, onde estudou para se tornar professor.

Hines foi por vários anos professor de Educação Física, primeiro em Londres e depois no seu próprio condado de Yorkshire. Foi nessa época que começou a escrever, e a publicar, os primeiros livros, estreando-se com a peça Billy’s Last Stand, que uns anos mais tarde foi encenada no Royal Court Theatre, em Londres, com uma versão a ser transmitida pela BBC. Ao longo da sua vida, foi diversa a colaboração de Hines com a rádio, a televisão e o teatro.

Em 1966, publica The Blinder, onde aborda uma paixão que o acompanhou desde os tempos de escola; o futebol, que praticou por vários anos, integrando primeiro as equipas escolares, e mais tarde como amador.

Em 1968 surge Kes. Um Falcão para Um Patife. A inesperada relação de um rapaz sem rumo e de um falcão rapidamente se tornou o livro mais conhecido de Barry Hines, e apenas um ano mais tarde seria adaptado ao cinema por Ken Loach, com participação de Hines como argumentista. Kes, um romance duro, mas inspirador, tornou-se um clássico da literatura britânica moderna, e o rebelde Billy Casper é uma das suas personagens mais marcantes.

Hines passou a dedicar-se a tempo inteiro à escrita, não só publicando romances, mas escrevendo peças de teatro, e trabalhando como argumentista. A colaboração com Ken Loach prolongou-se por mais três ocasiões, com a adaptação dos romances The Gamekeeper, de 1975, The Price of Coal, de 1979 e Looks and Smiles, de 1981.

Embora uma década mais novo, Hines foi equiparado a nomes do movimento literário dos «jovens raivosos», como Allan Sillitoe ou John Osborne. Focou a sua escrita na vida da classe trabalhadora, centrando-se nas esperanças que a fazem mover-se, e relatando o seu dia-a-dia com honestidade e uma simplicidade por vezes crua, recusando sempre cair no sentimentalismo. Como cenários, recorreu amiúde aos que ele próprio conheceu e percorreu na infância; os campos e as florestas de South Yorkshire, o bulício da escola, o trabalho nas minas, e, claro, o futebol.

Barry Hines morreu a 18 de Março de 2016, na mesma cidade que o viu nascer. Ao longo da vida, o seu trabalho foi reconhecido em diversas ocasiões, destacando-se o livro Kes. UM Falcão para Um Patife, que é ainda hoje de leitura obrigatória na escola, tendo o filme recebido vários prémios, e o documentário televisivo Threads, de 1984, que conquistou vários galardões da especialidade.