«Onde estão os primos?» é o nome da sua coleção infantojuvenil, editada pela Minotauro e já com dois títulos publicados. Quando e como nasceu esta ideia?

A ideia de criar esta coleção já tem alguns anos e fui acumulando manuscritos, tal como os que agora foram editados. Têm por base um enorme interesse em conhecer e partilhar o património do nosso país, rico em tradições, lendas, monumentos e história, regionalismos linguísticos e gastronómicos, ao qual acrescentei e misturei a curiosidade, a descoberta e a aventura próprias da infância.

Há alguns elementos autobiográficos nas histórias e nas personagens?

As personagens e as histórias desta coleção foram inspiradas em alguns atributos físicos e qualidades, e no quotidiano infantil vivenciado pelos meus filhos e sobrinhos. Efetivamente existem uns primos que inspiraram os personagens «primos», mas as aventuras relatadas são, na sua grande maioria, pura ficção. O objetivo desta coleção é que qualquer leitor, com o mesmo nome, a mesma idade ou outra característica de um dos personagens, se possa identificar e inspirar para as suas próprias explorações e aventuras.

Além da componente literária, esta coleção tem a preocupação de mostrar Portugal aos mais novos. Sente que as crianças valorizam pouco o nosso património?

Na minha opinião, as crianças valorizam o património e estão ávidas para o conhecerem. Estão disponíveis para se surpreender e encantar. A curiosidade infantil é natural e fundamental para o desenvolvimento de competências essenciais como criatividade, a exploração e a compreensão do mundo que as rodeia. Necessitam é que este património lhes seja apresentado de uma forma aliciante e divertida e os motive a ir conhecê-lo. A literatura pode ser o veículo para despertar o interesse e a descoberta do património. Espero que esta coleção contribua nesse sentido.

Os primos começaram por conhecer a Universidade de Coimbra, depois seguiram para o Minho, para onde vão a seguir?

Os primos já estão a caminho de Trás-os-Montes e planeiam em seguida ir descendo até ao Algarve, com o oceano Atlântico já no horizonte.

Ao contrário de todas as previsões, os jovens (dos 14 aos 24) são quem está a ler mais atualmente. Na sua opinião, a que se deve este fenómeno?

Presumo que os jovens dos 14 aos 24 anos, mas principalmente estes últimos sejam os que, à época da sua infância, não tinham as redes sociais tão difundidas e massificadas, nem o seu acesso tão facilitado, o que lhes terá permitido desenvolver o interesse pela leitura em tenra idade, repercutindo-se agora. Acredito também, que o isolamento provocado pela pandemia possa ser um fator esclarecedor deste fenómeno.

Enquanto as redes sociais e os clubes de leitura dão grande impulso a autores nacionais de ficção, o digital é mais difícil de chegar aos leitores mais jovens. Que ferramentas usa para promover e dar a conhecer os seus livros?

Contacto as Bibliotecas Municipais e as Bibliotecas Escolares, pois o professor bibliotecário é parte fundamental para o incentivo da leitura e do conhecimento das novas publicações. Utilizo também o Instagram, sabendo de antemão que não chega aos leitores mais jovens, mas com o intuito de chegar aos pais, avós e professores.

Além dos seus, que outros livros gostaria de recomendar aos seus leitores para este Natal? (escolher 5 títulos)

É muito difícil recomendar, pois gosto de vários e todos os dias há novas publicações interessantes, mas proponho alguns clássicos e outros mais recentes, mas todos imbuídos no espírito natalício:

Noite de Natal, Sophia de Mello Breyner Andresen – Porto Editora

A Viagem do Pai Natal, Mia Cassany – Minotauro

Feliz Natal, Cinco!, Enid Blyton – Bertrand

Uma Aventura nas Férias de Natal, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada – Caminho

Desconectadamente brilhantes, Célia Teixeira - Flamingo