Aldo Leopold

Aldo Leopold nasceu em 1887, em Burlington, no Iowa, e foi o mais velho dos quatro filhos de Carl e Clara Leopold. Entusiasta do contacto com a natureza desde criança, também pela forte influência dos pais, Leopold enveredou pelo novo curso de Ciências Florestais na Yale Forest School, obtendo o diploma em 1909, o mesmo ano em que entrou para o Serviço Florestal dos Estados Unidos, fundado quatro anos antes. O trabalho «no terreno» conduziu-lhe a reflexão, que evoluiu de uma simples perspectiva de gestão das florestas para uma consciência mais abrangente da necessidade de proteger a vida selvagem da América. Foi decisivo o contributo que deu para a criação, em 1924, da primeira reserva de vida selvagem no Parque Nacional de Gila, no Novo México, que faz hoje parte de uma zona de protecção da vida selvagem denominada Aldo Leopold’s Wilderness, com mais de oitenta mil hectares. A conservação da natureza não se restringiu porém ao trabalho «oficial»; paralelamente, Leopold publicou o boletim Pine Cone, sobre assuntos florestais, e envolveu-se na fundação de associações de protecção de espécies cinegéticas. Em 1933, aceitou o convite da Universidade do Wisconsin para fundar o primeiro Departamento da Vida Selvagem, que presidiu, e onde deu aulas até ao fim da vida. Dois anos mais tarde, não conseguindo ficar indiferente ao estado da vida selvagem na América, fundou, com sete outros conservacionistas, a Wilderness Society. Foi também em 1935 que a família Leopold adquiriu uma quinta em Baraboo, nas margens do rio Wisconsin, onde se refugiava aos fins-de-semana, e que serviu de inspiração para Leopold. Foram numerosos os artigos que Aldo Leopold publicou ao longo da vida, mas foi no livro Pensar como Uma Montanha [A Sand County Almanac], publicado já postumamente, que mais se empenhou. Nele, combinando a formação científica, o trabalho enquanto conservacionista, e as reflexões proporcionadas pelo contacto constante com a natureza e a vida selvagem, Leopold mostra a terra como um organismo vivo; desenvolve o conceito de comunidade da terra, onde se incluem humanos, mas também os solos, a água, as plantas e os animais, e introduz a ideia de uma ética da terra, apelando à responsabilidade moral que todos devemos ao mundo natural. Reflecte ainda sobre a necessidade de uma [r]evolução no pensamento humano e sobre os efeitos do progresso a todo o custo. Esta [r]evolução, encetou-a o próprio Leopold ao longo da sua jornada como naturalista. Caçador desde tenra idade, sendo a caça responsável pelo inicial, e constante, contacto com a natureza, Leopold foi procurando abordagens cada vez menos agressivas do mundo animal. Foi também esta experiência que lhe permitiu reflectir sobre a extinção de espécies, os atentados à biodiversidade, a necessidade de seguir uma conduta ética, de pôr em prática o autodomínio, e de evoluir de uma perspectiva antropocêntrica para uma visão ecocêntrica e biocêntrica. Pensar como Uma Montanha foi publicado em 1949, um ano após a morte de Leopold, e é considerado um marco na história do movimento conservacionista americano, continuando a promover o debate em torno das questões da nossa terra.