NOTA INTRODUTÓRIA

A morte do Professor Ruy de Albuquerque, ocorrida em 19 de Janeiro do ano em curso, impediu-o de proceder à revisão final do seu estudo sobre a integração da auctoritas poética no discurso dos juristas. De acordo com as suas instruções, procedemos a essa revisão, tanto quanto nos foi possível. Desejamos, aliás, consignar aqui um muito obrigado pelos contributos que, para tanto, recebemos do Professor Aires do Nascimento, do Dr. Vasco Graça Moura, da Dra. Ana Maria Martinho e de Daniel Gouveia. Decerto, a revisão final do autor seria o desejável. Não pôde infelizmente verificar-se. E às circunstâncias assinaladas veio acrescer a urgência da tipografia e de não diferir a saída do respectivo volume da Revista da Faculdade de Direito de Lisboa a que o texto era destinado. Ruy de Albuquerque dedicou ao tema poesia e direito uma larga atenção nos últimos vinte e cinco anos, como ele próprio refere na nota inicial. O trabalho ora publicado é, porém, tão só o culminar de um itinerário bem mais longo. Que começou nos anos de juventude com um ensaio brilhante intitulado Poesia e Lei (Esmeralda, n.ºs 5-6, 1955, págs. 44 a 56). Julgou-se, por isso, interessante republicá-lo, como introdução, na presente separata especial, em reprodução fac-similada. Poucas vezes um percurso científico pode ser fixado com tal rigor. O que, pela invulgaridade e para inteligência do trabalho erudito que constituiu o seu ponto alto, merece, decerto, a pena consignar.

Martim de Albuquerque

I - POESIA E LEI

II - PARA UMA REVISÃO DA CIÊNCIA JURÍDICA MEDIEVAL