Agostinho da Silva

George Agostinho Baptista da Silva ficará para a memória do mundo de língua portuguesa pelo saber desafiante e pluridimensional, aliado à incomparável ação de intervenção cultural durante o séc. XX de todo o mundo lusófono. Nascido a 13 de fevereiro de 1906 no Porto, termina a licenciatura em Letras aos 22 anos e o doutoramento aos 23, ambos com 20 valores, summa cum laude, inédito para a época. Impossibilitado de trabalhar no ensino superior por colaborar na Seara Nova, dá continuidade à carreira no ensino liceal, iniciada em 1928. Por encargo da Junta de Educação Nacional, funda em 1931 o Centro de Estudos Filológicos e desloca-se a Paris onde, até 1933, desenvolve estudos na Sorbonne e no Collège de France. Em 1935, em Aveiro, é demitido do ensino oficial: recusara-se a assinar a declaração que atestava não pertencer ou vir a pertencer a qualquer associação secreta. Vivendo de explicações e aulas em colégios particulares e da publicação de centenas de Cadernos de Divulgação Cultural e Biografias, percorre o país difundindo o saber e a cultura em associações e agremiações populares. Encarcerado pela Pide durante 18 dias no Aljube, obrigado a residência fixa, e vendo-se com cada vez mais reduzidas hipóteses de trabalho, emigra para o Brasil em 1944, fundando universidades e centros de investigação por toda a América Latina, sendo também assessor do presidente Jânio Quadros. Naturalizado brasileiro em 1959, promotor da criação da CPLP, regressa a Portugal em 1969. Aposentado como professor universitário no Brasil, é reintegrado no ensino superior por decreto presidencial, com direito a todos os vencimentos retroativos que aplica, em 1976, num Fundo que até hoje se mantém para atribuição anual do prémio D. Dinis a estudantes. Com marcante participação na rádio e TV, presença em revistas, congressos e conferências, recebe honrarias, títulos e medalhas. Depois de ter publicado mais de 200 títulos em Portugal e no Brasil, e de, em 1992, ter obtido de novo a nacionalidade portuguesa, em 3 de abril de 1994 atinge «um silêncio tão de espanto /que era todo o universo à sua volta/ um seduzido canto». Assim rezam os seus versos na lápide do Alto de São João.


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